Falamos da colectividade e não da escola, para nos situarmos e falamos da instituição e não do seu voluntário presidente há 23 anos, para não nos equivocarmos.
Exemplo de desenvolvimento de um projecto colectivo, iniciado há mais de uma centena de anos, pelos homens de “além da ponte”, começou por ser mais uma Banda de Música no Concelho de Tomar.
Isto aconteceu ainda no tempo em que as Bandas serviam de afirmação, de uma cada vez maior pequena burguesia urbana e de um infindável operariado industrial emergente.
A colectividade viveu o percurso normal deste tipo de instituições durante o sec.XX, com actividades diversas no recreio, desporto e na cultura, da pesca ao campismo, do cinema ao xadrez, da música à dança, dos mini-trampolins às actividades de tempo livre, por exemplo.
Com o advento das novas necessidades de serviços nas áreas da cultura, do desporto e do social, a partir dos anos 80 a colectividade evoluiu para um sistema mais profissionalizado, que ganha especial destaque com a construção do então Pavilhão Desportivo.
O empresário da construção civil, responsável pela sua construção, foi recentemente homenageado publicamente, especialmente por ter sabido esperar 12 anos pelo respectivo pagamento.
Aliás, a história da Gualdim-Pais, que conheço pessoalmente desde 1983, é fruto de um conjunto bem sucedido de dádivas, empenhamento dos seus milhares de sócios, dezenas de dirigentes e muito especialmente das suas, também voluntárias, centenas de participantes e colaboradores.
A aposta no trabalho pelo colectivo, que aprendi cedo na música, na outra Banda da cidade diga-se em abono da verdade, encontrei diariamente durante dezenas de anos na Gualdim-Pais, no respeito pela diversidade individual e trabalhando sempre em prol do colectivo.
Esta forma de estar, fez-me a mim e estou certo que a milhares de jovens, ao longo das últimas décadas, melhores cidadãos, depois de termos passado pela música, pelo desporto ou pelos acampamentos da Gualdim-Pais.
Sempre foi aquela instituição, uma casa de diversidade, de respeito e de entre ajuda, fortemente alicerçada na construção solidária, onde as grandes discussões sempre aconteceram para melhoria e engrandecimento do projecto que, estou certo que todos, íamos construindo.
Varias vezes ao longo da sua história, foram tentados aproveitamentos partidários, a que sempre os seus sócios e dirigentes souberam por cobro e limite.
Esperemos que a expectável candidatura pela CDU à Câmara Municipal, do seu Presidente da Direcção, não venha a colocar novamente essa questão, sobre uma instituição que é pertença de todos os seus sócios, de todos os quadrantes partidários.
Para mim e estou certo que para muitos outros não comunistas, a Gualdim-Pais é muito mais do que o seu Presidente e as suas perfeitamente legítimas, participações cívicas na política Tomarense.
A Gualdim-Pais é uma instituição que deverá ser honrada na sua história, com total independência partidária, respeitando o trabalho que a todos permitiu fazer em prol da cultura e do desporto no Concelho de Tomar.